Rio: Corpos estavam amarrados e com marcas de facadas, relatam moradores do Complexo da Penha

Pedro Kirilos, Igor Soares • 29 de outubro de 2025

Os corpos encontrados em uma área de mata na Serra da Misericórdia pela comunidade do Complexo da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, estavam amarrados e com marcas de facadas. O Estadão presenciou ainda ao menos um corpo decapitado.

Segundo a Associação de moradores da Penha, 72 corpos foram levados à Praça São Lucas. A associação conta com o apoio da OAB para fazer a contagem oficial. Ao menos dez carros deixaram a Praça para levar os corpos ao IML.

De acordo a Defensoria Pública do Rio de Janeiro , 132 pessoas morreram após a megaoperação contra o Comando Vermelho de terça-feira, 28.

O balanço do governo do Rio, até a tarde de terça, contabilizava 64 mortes. Entretanto, nesta quarta, Cláudio Castro afirmou que oficialmente, foram contabilizados 58 mortes, sendo 4 policiais. Ele admitiu que o número irá mudar e só será definitivo após o término do trabalho da perícia.

‘Corpos com marcas de faca’

Uma parente de um dos mortos, que preferiu não ser identificada, afirmou ao Estadão que havia corpos com “sinais de tortura”, como cortes de faca e decapitados.

“Tinha corpos sem cabeça, com marcas de faca”, disse a moradora. A reportagem presenciou ao menos um corpo sem cabeça. “Não tinha necessidade de fazerem isso. Muita gente morreu. Eles só vêm para matar”, afirmou outra moradora.

Um grupo de moradores subiu para a mata, onde, segundo eles, haveria mais corpos. O objetivo seria identificar e retirar os que ainda se encontram na mata que divide o Complexo da Penha do Complexo do Alemão.

‘Fizeram um necrotério dentro da favela’

Tamara Ferreira e Tarsiellen Nascimento foram ao IML nesta quarta e reconheceram Nelson Soares, 28, morto na operação. Segundo elas, o corpo dele estava com um tiro.

Tamara e Tarsiellen afirmaram que participaram da busca por corpos e terem visto marcas de violência. “Fizeram um necrotório lá dentro da favela: abriram os corpos como se fossem médicos”, afirmou Tamara Ferreira.

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‘Isso aqui não foi operação, isso foi chacina’

Ao Estadão , em frente à fila de corpos, moradores relataram o desespero e a dor de encontrar parentes entre as vítimas. “Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui” , afirmou a moradora que se identificou apenas pelo nome de Jéssica.

“Vou falar o que? Vou falar o que eu estou perguntando para todos. Governador, me responde o que é certo para você? Isso aqui não é certo. Você mandou para fazer essa chacina. Isso aqui não foi operação, isso foi chacina.”

“Você não aguentaria um dia do que o favelado vive. Aqui tem trabalhador, aqui tem guerreiro. Tem bandido, tem? Mas tem bandido melhor do que os de terno e gravata. Vocês matam com a caneta.”

O depoimento de Jéssica foi aplaudido por demais moradores da comunidade. Durante a entrevista, diversos moradores gritaram: “Toda vida importa”.

O que diz o governo do Rio

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro , disse nesta quarta-feira, 29, que as únicas vítimas da megaoperação são os 4 policiais mortos . A declaração foi dada em entrevista coletiva, logo após a Defensoria Pública do Rio de Janeiro afirmar que há ao menos 132 mortos na ação contra o Comando Vermelho (CV).

Procuradas, a Polícia Militar e a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro não responderam a tentativa de contato do Estadão .

A Defensoria Pública do Rio apura possíveis violações na operação.

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