‘Muro do Bope’: polícia diz que encurralou criminosos em área de montanha durante megaoperação no RJ
O secretário da Polícia Militar do Rio, Marcelo de Menezes, apresentou nesta quarta-feira, 29, detalhes da megaoperação contra o Comando Vermelho . Ele destacou como diferencial o que foi classificado pela própria polícia como “Muro do Bope”, formado na área da mata do Complexo da Penha, na zona norte da cidade.
“Incursão de tropas do Bope na área mais alta da montanha da Serra da Misericórdia, que divide esses dois complexos (Penha e Alemão), operando o que a gente chamou de ‘Muro do Bope’, uma linha de contenção formada por policiais que empurravam os criminosos para o topo da montanha”, disse ele durante a coletiva das forças de segurança.
Segundo ele, a estratégia tinha um “objetivo claro: proteger a população de bem que mora naquela região.” Ainda de acordo com Menezes, “A grande maioria dos confrontos, quase a totalidade, se deu na área de mata. E a opção pelo confronto se deu pelos marginais, pelos narcoterroristas. Aqueles que quiseram ser presos, foram presos, basta os senhores avaliarem o grande número de presos nessa operação.”
A cúpula da segurança pública do Rio de Janeiro também divulgou os balanços atualizados. De acordo com o secretário Estadual da Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, até as 13h, o governo contabilizava 119 mortos na operação, sendo 4 policiais . O número supera o do massacre do Carandiru.
“Ontem foram 58 neutralizados e, no dia de hoje, somando os corpos que foram encontrados na mata, com mais 61, nós temos 119 mortos, dos quais 115 eram narcoterroristas, e quatro vítimas que eram os nossos policiais . Esses são os números atualizados dos neutralizados que deram entrada no nosso Instituto Médico Legal”, disse Curi.
Veja os demais números divulgados pelo governo:
- presos: 113, dos quais 33 são de outros Estados
- Adolescentes apreendidos: 10;
- Armas: 118, sendo 90 fuzis e 26 pistolas e um revolver;
- 14 artefatos explosivos ;
- centenas de carregadores - ainda contabilizadas;
- milhares de munições - ainda contabilizadas;
- toneladas de drogas - ainda contabilizadas;
Mais cedo, aos jornalistas, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse que as únicas vítimas da megaoperação são os 4 policiais mortos .
A declaração foi dada em coletiva de imprensa, logo após a Defensoria Pública do Rio de Janeiro afirmar que há ao menos 132 mortos na ação contra o Comando Vermelho (CV).
“Aquelas foram as verdadeiras quatro vítimas. De vítimas, ontem, só tivemos os quatro policiais”, afirmou o governador.
Fila de corpos no Complexo da Penha
A operação foi a mais letal da história do Estado. Moradores do Complexo da Penha , na zona norte carioca, um dos locais onde houve a operação, levaram ao menos 60 corpos para a Praça São Lucas durante a madrugada e o início da manhã desta quarta-feira, 29, após.
O governo defendeu o “sucesso” da ofensiva - que envolveu 2,5 mil policiais, blindados e helicópteros - para avançar sobre um território dominado pelo crime organizado. O CV chegou a usar drones com bombas na reação, o que expôs o poder bélico dos traficantes.
“Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui” , disse Jéssica, uma moradora. Ela estava no meio da multidão que tentava identificar as vítimas. “Ninguém nunca viu no Brasil o que está acontecendo aqui”, afirma Jéssica. Os corpos estavam amarrados, tinham marcas de facadas. A reportagem presenciou ao menos um corpo decapitado.
O Rio de Janeiro voltou ao estágio 1 às 6h desta quarta-feira , de acordo com o Centro de Operações da Prefeitura. No momento, os meios de transportes operam normalmente. Todas as vias estão liberadas para o tráfego de veículos.
A região havia entrado no estágio 2 às 13h48 de terça-feira, devido a ocorrências policiais que interditaram, de forma intermitente, diversas ruas das zonas norte, oeste e sudoeste da cidade, impactando os modais de transportes e a locomoção da população pela cidade.







