Governador do Rio deveria acordar para problema dos combustíveis no crime organizado, diz Haddad
BRASÍLIA - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad , disse nesta quarta-feira, 29, que o governador do Rio de Janeiro , Cláudio Castro (PL), não tem feito nada para ajudar o governo federal a combater o contrabando de combustível. A reportagem procurou a assessoria do governador para que se posicione sobre o comentário do ministro; assim que houver resposta, esta matéria será atualizada.
Segundo Haddad, são atividades ligadas ao contrabando de combustível que irrigam financeiramente o crime organizado.
“O governo do Estado do Rio tem feito praticamente nada em relação ao contrabando de combustível, que é como se irriga o crime organizado. Então, para você pegar o andar de cima do crime organizado, que é quem efetivamente tem o dinheiro na mão e municia as milícias, você tem que combater de onde está vindo o dinheiro”, afirmou.
A crítica foi feita um dia após o governador do Rio liderar a mais letal operação contra facções criminosas da história do Estado .
Ministério da Justiça X governo do RJ
Em entrevista coletiva concedida na terça, 28, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou que o Estado enfrenta o crime organizado “sozinho” , uma vez que as forças federais, segundo ele, não o ajudam. O Ministério da Justiça, no entanto, rebateu a informação, alegando que atendeu todas as solicitações para atuação da Força Nacional no Estado.
Na entrevista de terça, o governador fluminense afirmou que o Estado não teve auxílio de forças federais na megaoperação. Mas também disse que o governo estadual não pediu ajuda à União “desta vez”, porque já houve três negativas de ajuda anteriormente.
“Nós já entendemos que a política é de não ceder. Falam que tem que ter GLO (Garantia da Lei da Ordem), que tem que ter isso, que tem que ter aquilo, que podiam emprestar o blindado e depois não podiam mais emprestar porque o servidor que opera o blindado é um servidor federal. O presidente já falou que ele é contra GLO. A gente entendeu que a realidade é essa e a gente não vai ficar chorando pelos cantos”, afirmou Castro.
Por meio de nota, o Ministério da Justiça rebateu a versão de Castro e alegou ter atendido “prontamente a todos os pedidos” de envio da Força Nacional ao Estado e que todas as 11 solicitações de renovação da Força Nacional desde 2023 no território fluminense foram acatadas.
A nota ainda lista uma série de medidas tomadas entre o governo federal e o Rio de Janeiro, como operações integradas, investimentos e apoio de agentes, e menciona 178 operações da Polícia Federal no Rio em 2025.
Haddad rebate governador
Haddad rebateu, em conversa com jornalistas na entrada do ministério, críticas feitas por Castro em relação à atuação da União no combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas.
“O dinheiro, no caso do Rio de Janeiro, todo mundo sabe que está vindo da questão do contrabando de combustível, da fraude tributária, da simulação de refino, da distribuição de combustível batizado. E eu penso que o governador deveria acordar para esse problema, que é crônico no Rio de Janeiro, e nos ajudar, ajudar aqui a Receita Federal a combater o andar de cima”, afirmou.
Para o ministro, é muito difícil combater o crime de baixo para cima, sem asfixiar as facções em suas fontes de renda.
Moradores encontram e carregam corpos
A operação que mirou o Comando Vermelho foi deflagrada pelas policias Civil e Militar do Estado, com apoio do Ministério Público do Rio de Janeiro, e deixou pelo menos 64 mortos - destes, quatro são policiais.
O número de óbitos ainda pode subir, já que mais de 100 corpos foram levados por moradores do Complexo da Penha para a Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, desde a madrugada desta quarta-feira . O governo não atualizou o balanço oficial.











